Aumento do consumo de energia elétrica gera debate sobre regulação e data centers no ENASE 2025
O avanço dos data centers no Brasil foi um dos temas centrais dos debates desta terça-feira (11) no ENASE 2025, realizado no Rio de Janeiro. Fábio Yanaguita, diretor de Energia Latam da Scala Data Centers, destacou que o país ainda importa serviços de processamento em nuvem, apesar de já contar com infraestrutura que alcança até 600 MW de capacidade. A empresa projeta investimentos superiores a R$ 30 bilhões nos próximos anos, com foco em atender à demanda crescente por inteligência artificial e serviços digitais.
Guilherme Zanetti, diretor do Ministério de Minas e Energia (MME), afirmou que a chegada de grandes consumidores, como os data centers, exige a reformulação das regras de acesso à rede de transmissão. O novo modelo passa a exigir garantias financeiras desde o pedido de acesso e será implementado de forma escalonada até 2026, com o objetivo de dar maior previsibilidade ao planejamento e à alocação da capacidade da rede.
No mesmo painel, Thiago Prado, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), alertou que o planejamento atual precisa ser mais preciso e baseado em informações concretas sobre a localização e escala das cargas. Segundo ele, decretos antigos, pensados para projetos pontuais, não são adequados para a realidade atual de empreendimentos com centenas de megawatts. Prado também defendeu a adoção de novos arranjos contratuais, como autoprodução e colocation, e pediu maior proximidade entre setor produtivo e planejadores.
Roberto Falco, diretor da Accenture, complementou destacando a importância da qualidade e estabilidade da energia para esse tipo de operação. Ele defendeu modelos de coparticipação nos custos de infraestrutura por parte das empresas consumidoras e apontou que, em outros países, já são utilizadas soluções como baterias, geração local e reatores modulares para garantir segurança energética.
As falas demonstram como o crescimento dos data centers está pressionando o setor elétrico a adotar novos modelos regulatórios, operacionais e de planejamento para garantir infraestrutura adequada à economia digital.