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A voz dos CEOs: Transformando compromissos em ações concretas

Como aterrizar os objetivos estratégicos da COP30 em objetivos reais 

Transição energética e desafios para garantir resiliência do sistema elétrico pautam debate com CEOs no ENASE 2025

Durante o painel de abertura do segundo dia do ENASE 2025, líderes do setor energético destacaram os desafios estruturais que o Brasil enfrenta para transformar metas climáticas em ações efetivas. Lino Cançado, CEO da Eneva, alertou para os riscos da expansão acelerada e concentrada das fontes renováveis, sem o devido reforço de infraestrutura de backup a partir de fontes despacháveis.

Segundo ele, o crescimento acelerado das fontes renováveis acarretou, nos últimos anos, distorções regionais e pressionou os custos com transmissão, colocando em risco a segurança do sistema.  A Eneva aposta no gás natural como fonte complementar, com geração despachável, para garantir estabilidade e atender A demanda nos horários de pico.

Fábio Bortoluzo, General Manager da Atlas Renewable Energy, destacou que o setor renovável vive um ponto de inflexão: após a consolidação da energia solar e eólica no mercado livre, os próximos cinco anos exigirão consenso regulatório e soluções para integrar consumidores com menor capacidade técnica. O excesso de geração em determinados períodos do dia — especialmente no Nordeste — exige ajustes operacionais, além de maior coordenação entre os agentes.

Já Diogo Mac Cord, VP da Copel e moderador do painel, alertou para a necessidade de equilibrar sustentabilidade, segurança energética e modicidade tarifária. Ele chamou atenção para o aumento expressivo das tarifas nos últimos 15 anos, superando a inflação em todos os segmentos, especialmente no consumo rural e residencial.


Gás natural é peça-chave para segurança energética, diz CEO da Eneva

Durante o ENASE 2025, Lino Cançado, CEO da Eneva, destacou o papel estratégico do gás natural na composição da matriz elétrica brasileira. Segundo ele, a fonte é essencial para garantir flexibilidade e segurança ao sistema, sobretudo nos momentos em que as fontes renováveis não conseguem atender à demanda — como no fim da tarde, quando a geração solar cai e o consumo aumenta.

“O gás é o grande backup do sistema elétrico brasileiro”, afirmou Cançado, ressaltando que essa flexibilidade tem custo e requer contratos estruturados e infraestrutura compatível. No Brasil, boa parte da produção de gás é associada ao petróleo e inflexível, o que limita seu uso dinâmico pelas térmicas que operam sob demanda.

O executivo também apontou barreiras estruturais ao desenvolvimento do setor: concentração de mercado — ainda dominado pela Petrobras —, acesso restrito à infraestrutura de escoamento e processamento, e custo elevado de transporte. Segundo ele, a entrada de novos agentes e o avanço dos terminais de GNL começam a pressionar por mais competição e eficiência no setor.

Além da função estratégica no setor elétrico, Cançado defendeu o uso do gás natural como alternativa ao óleo diesel, especialmente no transporte pesado e em processos industriais nas regiões Norte e Centro-Oeste. “O Brasil está entre os cinco maiores consumidores de diesel do mundo. Substituir esse insumo por gás representa uma oportunidade concreta de redução de emissões e aumento da competitividade”, concluiu.


Regulação difusa e tarifa social desafiam avanço do saneamento, diz VP da Aegea

Durante o ENASE 2025, Renato Medicis Maranhão Pimentel, vice-presidente regional da Aegea Saneamento, destacou os desafios estruturais do setor de saneamento básico no Brasil, especialmente no que diz respeito ao ambiente regulatório e à sustentabilidade econômica dos serviços prestados à população de baixa renda.

Segundo ele, ao contrário do setor elétrico, o saneamento opera sob uma regulação pulverizada, com agências municipais e estaduais, o que torna os processos de revisão tarifária mais complexos e lentos. “Cada mudança exige negociações com diferentes reguladores, o que compromete a agilidade e a previsibilidade do setor”, afirmou.

Renato também defendeu a necessidade de encontrar um equilíbrio entre sustentabilidade econômica e acesso universal. Com mais de 60% da população em áreas de concessão da Aegea inscrita no CadÚnico ou no Bolsa Família, ele alertou para a urgência de “remédios tarifários” que tornem os serviços acessíveis sem inviabilizar os investimentos. “O consumidor final precisa ter condições de pagar por água, esgoto e energia sem deixar de ser incluído nos avanços que o país vem fazendo.”

O executivo citou avanços internos da companhia, como três projetos de autoprodução, 34 de geração distribuída e 77% da energia já negociada no mercado livre, como estratégias para aumentar a eficiência operacional.


Setor elétrico pode ter escassez de equipamentos de geração no mercado global, diz Atlas

Durante o ENASE 2025, Fábio Bortoluzo, General Manager da Atlas Renewable Energy, alertou para a crescente dificuldade de acesso a equipamentos de geração de energia, como turbinas e geradores a gás, devido à alta demanda global. Segundo ele, prazos de entrega que antes levavam meses agora se estendem até 2029, pressionando o planejamento e a execução de novos projetos no Brasil.

Bortoluzo destacou que essa escassez é impulsionada por dois fatores principais: a aceleração do consumo energético global com a digitalização e o crescimento dos data centers, e a substituição de fontes mais poluentes por gás natural em países como os Estados Unidos e o Oriente Médio. “Com a revolução da inteligência artificial, o consumo de energia disparou, e a procura por turbinas a gás explodiu”, afirmou.

O executivo defendeu a realização urgente de leilões de reserva de capacidade para antecipar investimentos em infraestrutura energética no país. Segundo ele, a Atlas mantém um portfólio pronto para implantação e tem relacionamento direto com os principais fornecedores globais de equipamentos, o que pode ser um diferencial em um cenário de oferta limitada.

Além da geração elétrica, a empresa também aposta no gás natural liquefeito (GNL) como alternativa ao diesel no transporte pesado, com atuação em regiões remotas e parcerias com grandes indústrias. “É uma forma concreta de reduzir emissões e ampliar a eficiência logística, especialmente em áreas de baixo IDH”, completou.


Inteligência artificial acelera consumo e pressiona sistema elétrico, alertam CEOs no ENASE

A revolução da inteligência artificial já impõe novos desafios ao planejamento energético. Durante o ENASE 2025, executivos como Lino Cançado (Eneva) e Fábio Bortoluzo (Atlas Renewable Energy) alertaram que a crescente instalação de data centers e o avanço de aplicações em IA estão provocando um aumento exponencial no consumo de energia. “Tudo o que a humanidade cria consome mais energia, e com IA isso se intensificou”, afirmou Cançado.

Essa nova curva de carga exige fontes de geração flexíveis e respostas rápidas do sistema. Bortoluzo ressaltou que, em países como Estados Unidos e Oriente Médio, turbinas a gás estão sendo rapidamente incorporadas para dar conta da demanda. No Brasil, o desafio é garantir resposta em tempo hábil, diante de gargalos logísticos e da necessidade de novos leilões de potência.

Andrea Boudeville, CEO da Paradigma, acrescentou que a inteligência artificial também é parte da solução. Ela defendeu o uso da tecnologia para redesenhar modelos operacionais e criar plataformas orientadas pela jornada do consumidor. “Não é mais uma questão de saber se é possível modernizar, mas como faremos isso. A IA é um agente de agilidade e tomada de decisão”, destacou.

Os executivos convergem em um ponto: o setor precisa agir com rapidez para se adaptar às novas exigências tecnológicas — tanto no consumo quanto na gestão da energia.


Tecnologia e armazenamento avançam como pilares da nova fase da transição energética

A modernização tecnológica e a busca por flexibilidade no sistema elétrico marcaram as falas de Fábio Bortoluzo, da Atlas Renewable Energy, e Andrea Boudeville, da Paradigma, durante o ENASE 2025.

Para Bortoluzo, o Brasil já consolidou as fontes renováveis, mas precisa avançar em soluções que garantam estabilidade. Ele destacou o papel das baterias, já em operação no Chile, como alternativa viável para despachar energia fora dos horários típicos de geração solar. “Não é mais promessa: já estamos despachando energia solar à noite. Armazenamento é realidade”, afirmou. O executivo também cobrou soluções regulatórias, especialmente a participação econômica da geração distribuída nos custos do sistema.

Andrea Boudeville defendeu que o setor elétrico adote o mesmo nível de inovação que o sistema financeiro brasileiro já alcançou. “A pergunta não é se é possível modernizar, mas como vamos fazer isso. Já temos tecnologia e conhecimento no país”, disse. Ela citou o uso da inteligência artificial e as novas APIs da CCEE como instrumentos para facilitar a abertura do mercado e criar plataformas centradas na jornada do consumidor.

Ambos os executivos reforçaram que a combinação entre energia renovável, armazenamento e inteligência digital será essencial para dar escala à transição energética — desde que venha acompanhada de ajustes regulatórios e modelos operacionais atualizados.


Executivos apontam riscos e caminhos para viabilizar segurança e expansão do setor energético

Encerrando o painel “A Voz dos CEOs” no ENASE 2025, executivos de empresas de energia e saneamento reforçaram os desafios estruturais e operacionais para garantir segurança energética e ampliar o acesso da população aos serviços essenciais.

Lino Cançado, CEO da Eneva, alertou para o risco de falta de potência no Brasil já a partir de 2026, caso o regime hidrológico seja desfavorável. Segundo ele, as térmicas a gás desempenham papel estratégico para garantir flexibilidade e resposta rápida à demanda, mas a alta global por turbinas e geradores já pressiona prazos de entrega. “Estamos prontos para participar dos leilões de capacidade. Essa é uma medida urgente para o país”, afirmou.

Cançado também destacou o investimento da companhia em GNL como alternativa ao diesel no transporte pesado, com projetos em regiões de baixo IDH e parcerias com empresas como Vale, Suzano e fabricantes de caminhões.

Andrea Boudeville, CEO da Paradigma, defendeu a padronização tecnológica como fator crítico para o sucesso da abertura do mercado de energia. Para ela, o setor precisa seguir o exemplo do sistema financeiro, que há décadas estrutura sua evolução com base em diretrizes comuns. “Padrões técnicos e tecnológicos vão permitir que o setor dê o salto necessário”, disse.

Renato Medicis Maranhão, VP da Aegea, destacou que o avanço do saneamento puxa a demanda por energia e reiterou o compromisso da companhia com a eficiência e a inclusão social. Entre as iniciativas, citou projetos de geração a partir de biogás e o foco em ampliar o atendimento a populações vulneráveis em todo o país.



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